Enquanto as crianças dormem
Havia medo detrás da porta
mas não há mais.
As crianças dormem
sobre lençóis de linho.
O rangido das cremonas
e o mundo sem luz alguma das lâmpadas
são como dias de vento
balançando as árvores.
Jamais na vida o medo irá tirar
o momento dos sonhos, não agora.
A sombra do triciclo sem rodas
projeta um velho de cócoras
a contar talvez a própria estória.
O amanhã baterá na janela
e os móveis terão nitidez.
Uma sombra se esconderá
debaixo do tapete cinza.
Outra, dentro da chaleira.
Os parentes sacudindo os esqueletos,
o milho sendo jogado às aves.
Depois, rodeadas à mesa
as meninas impressionando a todos,
contando os sonhos
que não sonharam.