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Hilda Hilst
Pulsas como se fossem de carne as borboletas.
E o que vem a ser isso? perguntas.
Digo que assim há de começar o meu poema.
Então te queixas que nunca estou contigo
Que de improviso lanço versos ao ar
Ou falo de pinheiros escoceses, aqueles
Que apetecia a Talleyrand cuidar.
Ou ainda quando grito ou desfaleço
Adivinhas sorrisos, códigos, conluios
Dizes que os devo ter nos meus avessos.
Pois pode ser.
Para pensar o Outro, eu deliro ou versejo.
Pensá-LO é gozo. Então não sabes? INCORPÓREO É O DESEJO.
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Translated by Laura Cesarco Eglin
You pulsate as if butterflies were made of flesh.
And what does that mean? you ask.
I say that’s how my poem will start.
So you complain that I’m never with you
that I suddenly hurl lines into the air
that I speak of Scottish pine trees, those
that Talleyrand felt like taking care of.
Or even when I scream or lose heart
you guess smiles, codes, plots
you say I must have them in my insides.
Well, maybe.
To think of the Other, I hallucinate or versify.
Thinking HIM is joy. So you don’t know? DESIRE IS INCORPOREAL.
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